quarta-feira, 28 de julho de 2010

Amigo poeta


Abra o mapa mundi sobre o tapete da sala,
que tal viajar comigo sem rumo por aí?
Revire as gavetas do seu passado,
veja como sempre estive em sua vida.
Em cada fotografia um olhar condenador,
registrado ali, só você não percebia!
Nos seus sonhos sempre brinquei,
aquele príncipe era meu disfarce.
Pergunte às paredes do meu quarto
quanta tinta necessária pra cobrir
o seu nome tanta vezes escrito ali...
Meu coração não pode dizer o mesmo,
cada molécula de sangue meu
transporta um pouco de você pelo meu corpo.
Você era celebridade entre meus amigos,
te descrevia em cada flash produzido
pelo brilho dos meus olhos sorridentes!
Como pôde não perceber tanta obviedade?
É, minha grande amiga, surpresa!
Sua história está sendo escrita por mim,
em minha agenda ultra secreta e mágica,
desenhada delicadamente pela tinta do amor.
Acho que posso te relevar parte do futuro:
Se casará comigo e terá um final feliz!
Sempre me prova ser diferente
de tudo aquilo que vivi, do que aprendi...
Por que insiste em quebrar todas as regras?
Me sinto tão menino quando está por perto,
exatamente como a primeira vez que respirei
o mesmo ar que te cercava, quanto prazer!
Contradição é sentir medo e querer avançar...
Me impulsionar de encontro ao abismo,
sentir a liberdade encontrada num beijo seu.
Chorar de felicidade ao ouvir a musicalidade
das nossas pulsações exatamente sincronizadas,
soando com intensidade as mesmas notas.
Perder a noção de tempo como criança
e sorrir sem crer que sou autor dessa história.
É bom saber que as linhas que percorro
São escritas por mim e coloridas com você
Sinta-se, sente-se, aqui ao meu lado...
As pessoas não acreditam: tapetes podem voar!
Preparada para continuar a viagem sem rumo?

segunda-feira, 26 de julho de 2010


Sei que sou menina ainda
E esse foi meu primeiro amor
Você me regou com tanto carinho
Não entendo porquê me deixou!
Há algo errado em mim?
Não fui boa o bastante?
Saiba: a ferida ainda está aqui.
Não sofra por não me amar,
pois ainda sofro por amar você
Isso é o suficiente pra me completar
A certeza reconfortante de que
um dia esteve comigo.
Suas mentiras me faziam feliz
Por que você se foi?
Espero sinceramente que volte
E as conte a mim, talvez
Eu consiga dormir em paz.
Não me importo se mudou,
Ou não, que diferença faz?
Sei que ainda sou menina,
Mas não aquela garota...
O seu amor me marcou
E agora, só, sou nada...
Saiba: ainda o amo e te espero
Tudo ao meu redor clama
impaciente pela sua chegada
Sinto saudades querido...
Venha me visitar...estou aqui,
tudo exatamente como deixou.
Então experimente de novo
Talvez o sabor tenha mudado
Posso atuar a mulher perfeita
Posso ser quem você quiser
Submissa, vassala...escolha!
Príncipe, te coroou Rei!
Só não me abandone de novo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ódio e amor


Por amor que sinto ódio,
ódio a mim, ódio por odiar.
É amor que ponho nos olhos
e ódio que vejo no mundo.
Corpo fora do meu corpo
Alma dentro da minha alma
O cabível no não cabível
Ódio e amor, um só.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

















"Emprestei o meu eu-lírico
à alguém de que gosto muito...
ou melhor emprestei desse alguém
a experiência de vida para escrever..."


Esses pensamentos femininos,
rodeiam, perseguem, dão nó.
É a falta na busca de preencher,
de ser completo, ser inteiro.
Disponibilidade falsa, disposta,
difusa, confusa e vulcânica.
Aquela que ama se cega
em prol de felicidade.
Aquela que sente se trái
nos seus sentidos incertos.
Dilema de a vida no somar:
a fórmula deve ser exata,
a escolha altera, sim,
os resultados, atenção,
ou você erra, ou acerta,
não há meio termos...
não há correções a fazer
Sem subjetividades ao
objetivizar, é mirar...e
ter medo do que encontrará.

Coração só tem boca pra falar o que sente
Coração tem sua própria oração e forma de rezar
Coração somente acredita no que quer crer...
Coração só sabe clamar amores...
Coração só sabe pulsar em forma líquida
Coração só sabe trabalhar e trabalhar

A cabeça manda ordens
A cabeça comanda...
A cabeça pensa e pensa muito
A cabeça sabe como dizer não
A cabeça sente coisas ruins
A cabeça descansa no sono
A cabeça sabe mentir

Coração e cabeça num só corpo...

No fim quem ganha? Quem prevalece?

domingo, 4 de julho de 2010

Boneca de porcelana


Uma menina, apenas uma menininha repleta de sonhos e de imaginações, a qual pinta um mundo todo colorido, cheio de coisas e feliz. Quando se é pequena o futuro é todo muito do bonito, muito cheio e muito perfeito, quase não se tem problemas – a ótica infantil não é madura para ver tantas imperfeições.
Todas as mulheres já foram como uma boneca de porcelana: com uma pele sedosa, bochechas rosadas, sorriso no rosto, olhos brilhantes e bem abertos de curiosidade, com um cabelo sempre bonito mesmo que bagunçado, com um belo vestido florido mesmo que sujo e amarrotado.
Todas nós perdemos a sedosidade, a cor, o brilho, a curiosidade, frescor, inocência primaveril e ganhamos preocupações com o nosso físico...o cabelo nunca está bom e o vestido nunca de acordo com o que sonhamos lá nos primeiros anos da vida.
Um dia aquela porcelana quebra, pois a mulher não cabe mais naquele corpo onde morava confortavelmente a menina. É tão difícil viver num mundo sem casca, sem cápsula de proteção. Como é triste guardar a boneca de porcelana, a qual fui, no baú do passado!

sábado, 3 de julho de 2010


"Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade"

Florbela Espanca










Entre o breu e a luz da noite
Duas peles tentando tecer uma só,
um só amor, um só corpo, um só pessoa
Sussurros e apelos por palavras
Gestos intensos, dissimulados
Uma busca de intenções diversas
O corpo falando pelo coração
O corpo movido pela razão
A incerteza nos leva a crer
no que queremos acreditar
Mesmo que fale pela boca,
que fale pelo corpo...
que fale pelo meio que quiser

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Beira da saia


Olhe pra beira da saia
Quanto enfeite há
Embrulha segredos
Revela pernas
Que movem
Que giram
Que cruzam
Que sofrem
Que parem
Que abraçam
Que afagam
Que sustentam
A honra de ser mulher
Com bordados e rendas
Faz o olhar rodar e rodar.



Me descobri mulher...não que eu não fosse

não que eu não soubesse...mas me descobri
...as vezes o rodar não faz sentido...

e a beirada da saia não é rendada...